quarta-feira, 14 de abril de 2010

Textos sobre etnocentrismo, cultura e sala de aula multicultural

A maioria de vocês já entregou para mim o parágrafo crítico sobre as primeiras leituras. Vamos tentar recuperar aqui os pontos que vocês consideraram importantes? O que mais inquietou vocês nas primeiras leituras e aulas? Que reflexões e questionamentos surgiram? Comentem esta postagem!

9 comentários:

  1. Segundo Everardo Rocha, etnocentrismo é uma visão do mundo onde nosso grupo é tomado como centro de tudo e os outros são pensados e sentidos através de nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência (pg. 7). O etnocentrismo pode ser identificado na história da humanidade e em nossas próprias atitudes do dia-a-dia, com a dificuldade de lidar com a diferença, o estranhamento, o choque-cultural. A visão etnocêntrica do “outro” também pode ser vista como uma reafirmação do “eu”; onde o grupo do “eu” é visto como melhor, superior, já o grupo do “outro” é visto como anormal, ininteligível, inferior. A visão da cultura do “outro” está ligada ao etnocentrismo, onde se julga o valor desta segundo a cultura do grupo o “eu”. Em nossa sociedade, o “outro” e sua cultura são uma representação, uma imagem distorcida e manipulada na maioria das vezes de forma pejorativa e denegrida. Até mesmo nos livros didáticos, temos a visão de determinados estereótipos e etnocêntricos, como a visão que trazem dos índios. Também a mídia em geral difundi imagens estereotipadas e altamente etnocêntricas para reafirmar valores de um grupo dominante. Devemos ver a cultura na sua diversidade, tendo o cuidado para não se prender a estereótipos e reavaliar imagens estereotipadas e etnocêntricas que encontramos nos livros como a figura do índio, dos escravos, de personagens regionais e nacionais. O professor deve incentivar a relativização, que é “quando compreendemos o “outro” nos seus próprios valores e não nos nossos” (pg.20), incentivar também a compreensão e visão do “outro”, buscando que não haja preconceitos com relação ao “outro”, sua cultura, seu país; às vezes algumas ações e rotulações carregam resquícios de atitudes etnocêntricas, até mesmo sem a percepção do preconceito. Acredito que como professores temos um importante papel em sala de aula, temos que refletir sobre a posição do professor e sobre a sala de aula, olhando-a como um espaço social, de interação entre as pessoas. A sala de aula é um lugar de aprendizagem. O professor deve procurar compreender a cultura dos alunos, passar pelo processo de relativização buscando entender as ações no contexto em que ocorrem e valorizar a singularidade de cada ser.
    (Jéssica Rodrigues)

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  2. Bom... Acho que o problema principal é que, lógicamente por natureza, pensamos o mundo através de nós mesmos. Qualquer situação nova é comparada, associada, mesclada, ou entra em conflito com situações vividas por nós anteriormente.

    Permitir as variações culturais em sala de aula é fácil. Aceitá-las como professor, e principalmente, como ser humano é mais dificil.

    O problema seria manter uma postura teórica de aceitação ao próximo, e inconscientemente fazer cara feia a um aluno sujo que arrota e acha bonito.

    Ter uma relação horizontal com esse aluno 'porcalhão' seria a solução mais viável. Primeiro, por que é dificil alguém se abrir totalmente, se se considera abaixo na relação de poder, e segundo, por que é difícil alguem compreender qualquer coisa, se se considera acima na relação de poder.

    Bom... ja me estendi, e to me enrolando. É isso ai. Tomara que o pessoal siga postando.


    Abraço a Todos

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  3. ACADÊMICA:ROSELAINE MORAES DE MORAES BARCELLOS
    Questionamento gerado após a leitura do texto 07/04/2010
    Depois de ter lido o texto "Interação de alunos de diferentes nacionalidades em salas de português como língua estrangeira (Denise Barros Weiss)" surgiu-me o seguinte questionamento: Como o professor de uma turma com pessoas de diferentes nacionalidades escolhe os temas a serem discutidos em suas aulas? Penso que os assuntos das aulas deveriam ser escolhidos juntamente com os alunos, mas ao mesmo tempo me pergunto se seria possível "agradar" a todos já que há uma diversidade de gostos e opiniões muito grandes. É preciso ser levado em conta o local de origem de cada pessoa, sua idade, o real interesse pela língua portuguesa, o que pensa sobre esta língua, entre outras coisas para que se possa desenvolver uma aula baseada nestes interesses. Assim, não se torna algo cansativo nem massante, mas pelo contrário, algo prazeroso. O aprendizado de uma nova língua sempre será algo que no início irá gerar um certo receio, mas que, com o passar do tempo se tornará natural. Não sei se este é o pensamento da maioria das pessoas, mas penso que a aprendizagem de uma nova língua não deve servir apenas para fazer-se entender pelos nativos desta, mas sim para que haja uma maior compreensão da língua, da cultura, dos diferentes dialetos, etc.

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  4. Na dissertação de Graziela Andrighetti, encontramos vários pontos relevantes relacionados ao ensino de português para falantes de outras línguas. O foco principal está direcionado na proposta de ensino, pois a autora relata que na maior parte do tempo as tarefas são realizadas de forma descontextualizada, onde não são exploradas as diversas situações que o uso da língua se faz presente.
    Andrighetti relata que aprender uma língua é saber usá-la para realizar ações, então podemos concluir que o seu ensino não deve ser realizado de maneira fechado, onde o ensino da pronúncia e da repetição são os pontos principais do ensino.
    O trabalho realizado com os gêneros do discurso é de extrema importância, pois dessa forma os alunos também entrarão em contato com a variação lingüística existente nas diversas culturas.
    O texto também traz informações importantes no que diz respeito à elaboração das tarefas, e um dos fatores que deve ser pensado pelo professor é o que essa tarefa tem a oferecer ao seu aluno. Visando o ensino dos gêneros do discurso, o alcance das propostas será mais abrangente, pois engloba todas as oportunidades que a língua oferece seja de cunho social ou cultural.
    A leitura dessa dissertação é muito relevante, pois orienta o ensino de português para falantes de outra língua e também faz com que o professor reflita na maneira que a língua está sendo ensinada aos falantes nativos.

    Juliana Dias dos Santos

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  5. Jéssica, como é que o professor pode fazer para "valorizar a singularidade de cada ser"?

    Roger, estás dizendo que é impossível termos uma posição não-etnocêntrica?

    Juliana, explica melhor as vantagens de se trabalhar com gêneros do discurso ao invés de se trabalhar com a língua de forma descontextualizada. Quais reflexões surgiram sobre o ensino da língua aos falantes nativos???

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  6. Pessoal, como a nossa reflexão sobre cultura e interculturalidade pode ajudar a pensar a produção de materiais no ensino de português para falantes de outras línguas? Como produzir materiais considerando a linguagem como prática social e a interculturalidade???

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  7. Olá, pessoal. Estou aguardando as respostas pra gente continuar o debate.

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  8. Com relação a o que o professor pode fazer para "valorizar a singularidade de cada ser" creio que em primeiro lugar seja respeitar o outro. Cada ser humano é único e especial, ao mesmo tempo que somos todos iguais, cada pessoa é um ser individual, com suas peculiaridades e singularidade. O professor deve respeitar seu aluno e valorizar suas características. Ressaltar qualidades, esforços, aprendizagens, etc.
    Aluna: Jéssica Rodrigues

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  9. JULIANA

    Trabalhar com gêneros do discurso é importante porque o foco está nas práticas do discurso. Aprender através do ensino dos gêneros proporciona ao aluno reconhecer a funcionalidade da língua dentro de um contexto, assim sendo a aluno não aprende frases isoladas que não possuem um sentido real na prática da linguagem.

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